O que as fintechs devem esperar para este ano?

Confira algumas das tendências e desafios para startups de finanças

Apesar de extremamente desafiador, o ano de 2020 trouxe boas oportunidades para as fintechs. As empresas dessa categoria, que não se resumem aos bancos digitais, mas também abarcam áreas como back office, risco, compliance, criptomoedas, investimentos, entre outras, somaram US$ 1,9 bilhão em investimentos, no ano passado. O valor representou 68% a mais em relação a 2019, de acordo com levantamento do Inside Fintech Report, do Distrito.

Esses resultados só evidenciam que as expectativas do setor para este ano são altas. O estudo do Distrito aponta ainda que as fintechs devem seguir como o setor que mais receberá recursos em 2021. Além disso, os aportes devem continuar aumentando cada vez mais.

O distanciamento social criou um ambiente propício para que surgissem mais fintechs e bancos digitais especializados em tecnologia e serviços por aplicativos. Segundo dados do Banco Central, pelo menos 40 instituições financeiras iniciaram suas atividades em 2020.

Mas o que os profissionais podem esperar para 2021? Separamos uma lista de principais desafios e tendências para este ano. Confira:

Tendências

Open Finance

Uma forte tendência para o ano é o open finance, cenário em que várias organizações, e não apenas os bancos, oferecem produtos financeiros, respeitando as regulações já estabelecidas.

Dessa forma, outras áreas do mercado financeiro também podem se beneficiar do sistema aberto, agregando inovação social e uma experiência singular ao consumidor.

No modelo de open finance, o cliente é o dono dos seus próprios dados. “Essa abertura do sistema financeiro permite o acesso a dados nunca antes visto pelas fintechs brasileiras. Os grandes bancos têm hoje o que pode ser considerado um monopólio de dados, devido à concentração de consumidores”, diz Guilherme Verdasca, CEO da fintech open banking Transfeera. “

O serviço só será oferecido mediante a autorização do cliente e seus dados precisam estar disponíveis. Nesse sentido, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) vem como uma regulação complementar.

PIX

Lançado no ano passado, o Pix já é o recurso mais utilizado para transferências de valores de pessoa para pessoa, superando o TED e o DOC. Dados do Banco Central mostram que cerca de 286 milhões de operações foram realizadas por PIX até março deste ano.

Ao longo de 2021, a tecnologia deve se fortalecer ainda mais como uma tendência, impactando diretamente o mercado de opções de pagamento. “As maquininhas de cartão de crédito, por exemplo, provavelmente começarão a cobrar taxas mais competitivas”, diz Piero Contezini, CEO da fintech Asaas. Em sua visão, o Pix traz uma mudança positiva para esses negócios e seus clientes, que podem realizar operações mais baratas, simples e sem depender de bancos.

Desafios

Apesar do cenário geral positivo, captar investimentos de alto valor pode ser mais desafiador para as startups de finanças ao longo deste ano.

“Um dos desafios para as fintechs é atrair novas rodadas de investimentos de alto valor em um mercado no qual grandes players prevalecerão. Ao mesmo tempo, muitas empresas de software consolidadas, que já tem o seu próprio ecossistema construído, passarão a oferecer serviços financeiros aos seus clientes”, é o que aponta Marcelo Wolowski, diretor do grupo de investimentos da Associação Catarinense de Tecnologia.

Outro ponto é a escassez de mão de obra especializada e qualificada para atender as demandas do setor. Gustavo Raposo, CEO e fundador da Leve, comenta que a contratação de profissionais será ainda mais desafiadora em 2021 pelo impacto das últimas mudanças nos modelos de trabalho. “Com o home office e o real desvalorizado, muitos desenvolvedores já estão atuando em empresas de fora do país. Sabemos que não faltam vagas, mas sim pessoas capacitadas para atuar no mercado.”

Contar com parceiros de tecnologia com ampla experiência na área financeira e ter um olhar mais estratégico na hora do recrutamento são possíveis ações para contornar esse cenário.